Soberania alimentar: as mulheres rurais apelam a uma transição agro-ecológica
Mariama Sonko, uma mulher rural senegalesa e presidente do movimento pan-africano Nous Sommes la Solution, com sede em Niaguiss, no departamento de Ziguinchor, está a fazer soar o alarme antes de um fórum sobre o agronegócio. Membro ativo da Aliança para a Soberania Alimentar em África, apela às autoridades africanas para que mudem de rumo e se empenhem firmemente na agro-ecologia. Na sua opinião, não se trata apenas de um debate técnico, mas de uma verdadeira escolha para a sociedade. Para ela, as actuais políticas agrícolas, dominadas pela lógica industrial, empobreceram os solos e puseram em perigo a saúde das populações. "Se queremos realmente ter soberania alimentar, temos de promover práticas agro-ecológicas. O solo, o primeiro elo desta cadeia, precisa de ser revitalizado. Foi empobrecido pelos sistemas agrícolas dominantes". Mariama Sonko sublinha a necessidade urgente de utilizar biofertilizantes e bioestimulantes para dar nova vida aos solos africanos. "Os nossos governos têm de ouvir a nossa voz e reconhecer as vantagens destas soluções naturais. Em nome das mulheres rurais, ela exprime um verdadeiro grito do coração. Confrontada com a deterioração da alimentação e o aumento das doenças ligadas aos produtos químicos e às práticas agrícolas inadequadas, apela à transição para um modelo mais saudável e sustentável. "Se não se tem saúde, não se pode ter dinheiro. E se tivermos dinheiro, não podemos necessariamente tratar-nos", declara com veemência. Para ela, as escolhas políticas devem agora responder às necessidades reais das pessoas. "A agroecologia é mais do que uma prática agrícola, é um caminho para uma alimentação saudável, a autossuficiência das comunidades rurais e um verdadeiro desenvolvimento local. Neste apelo, Mariama Sonko convida os líderes africanos a repensar os modelos agrícolas dominantes e a investir numa agricultura que respeite as pessoas e a natureza. Para ela, a soberania alimentar não pode ser decretada: tem de ser construída no terreno, com e para as comunidades.
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