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Agroecologia: o movimento "Nós somos a solução" intensifica a formação dos seus líderes na África Ocidental

O movimento pan-africano Nous sommes la solution, celebrons l'agriculture familiale africaine (Nós somos a solução, celebremos a agricultura familiar africana) abriu a quarta edição do seu curso sub-regional de formação sobre boas práticas agro-ecológicas em Niaguiss, no departamento de Ziguinchor, na segunda-feira. À cabeça da iniciativa, Mariama Sonko, presidente do movimento e dirigente da Association des zones d'agriculteurs de la Casamance, recordou o objetivo central do encontro: reforçar as capacidades dos técnicos, animadores e dirigentes associativos em matéria de técnicas agrícolas agro-ecológicas, com particular destaque para a horticultura.

Durante seis dias, de 15 a 20 de setembro, líderes de oito países - Burkina Faso, Costa do Marfim, Gana, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Mali e Senegal - vão partilhar as suas experiências no centro de formação. Os participantes representam 14 associações membros do movimento, unidas pelo mesmo compromisso: fazer da agro-ecologia um pilar central da soberania alimentar em África.

Mariama Sonko sublinha a importância de colocar a prática antes da teoria. Para ela, a agro-ecologia não pode limitar-se a um discurso militante ou técnico, deve ser praticada no terreno. Neste sentido, o movimento criou um certo número de explorações agro-ecológicas nas zonas onde opera. São locais de experimentação, demonstração e formação, onde os líderes ajudam as suas comunidades a adotar práticas agrícolas sustentáveis adaptadas às realidades locais.

Quando questionada sobre o apoio esperado do governo senegalês, Mariama Sonko foi clara: se o governo quer realmente alcançar a soberania alimentar, deve apoiar iniciativas agro-ecológicas lideradas por organizações de base. Ela acredita que esta forma de agricultura, enraizada nos conhecimentos e saberes dos agricultores, é a única via sustentável para a autossuficiência alimentar, financeira, de sementes e ambiental.

"A agricultura convencional tornou-nos mais pobres e mais doentes", afirma. "Os nossos antepassados viveram vidas longas e saudáveis, graças a uma dieta saudável produzida localmente. Hoje, com as práticas industriais e a utilização excessiva de produtos químicos, estamos a destruir o nosso ecossistema e a hipotecar a nossa saúde."

A escolha do tema para esta quarta edição, centrada nas técnicas de cultivo em horticultura, responde a uma necessidade premente: estruturar os conhecimentos e harmonizar as práticas. "Há muita confusão em torno das técnicas de cultivo. No entanto, elas são essenciais se quisermos produzir melhor, respeitando o nosso ambiente", explica a Sra. Sonko. A horticultura de mercado e a arboricultura, que constituem a maior parte das actividades hortícolas na região, estão no centro dos trabalhos desta sessão.

As edições anteriores exploraram áreas estratégicas: a primeira centrou-se na fertilidade dos solos e no fabrico de biofertilizantes; a segunda, na produção de sementes hortícolas locais; a terceira, nos bioprotectores e bioestimulantes, em resposta às numerosas doenças e ataques que afectam as culturas, a pecuária e a pesca. Esta quarta fase constitui um complemento lógico das competências necessárias para uma transição agro-ecológica viável.

O curso de formação é apoiado pelo Fundo Mundial para a Agroecologia, representado no local por Tabara Ndiaye, Coordenadora Regional do Fundo. Ela elogiou o empenho do movimento e reafirmou a importância de apoiar as organizações de base. "Este tipo de centro deveria existir em todo o lado, se a agro-ecologia fosse mais apoiada. Acreditamos neste movimento e continuaremos a mobilizar recursos para o apoiar", declarou.

Para o Fundo Mundial, não se trata apenas de financiar projectos: trata-se também de reforçar as capacidades dos membros, atrair outros doadores e construir um movimento pan-africano forte, enraizado nas regiões e liderado por produtores formados e autónomos. O que está em jogo é a emergência de uma alternativa credível, local e resistente aos desafios alimentares, ambientais e económicos que o continente enfrenta.

Emedia

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